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Inteligência emocional é a estratégia contra a violência em escolas de Santa Maria

Camila Gonçalves


Foto: Renan Mattos (Diário)
A Santa Marta é a única no Estado que desenvolve o programa Escola da Inteligência. Participam alunos dos ensinos Fundamental e Médio

Uma vez por semana, os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Marta dão uma pausa no conteúdo programático do currículo e imergem em histórias parecidas com as deles, fazem dinâmicas que questionam suas próprias identidades e falam, entre outras coisas coisas, de sentimentos. Os exercícios fazem parte da Escola da Inteligência, um programa educacional desenvolvido pelo Instituto Augusto Cury, de São Paulo, financiado pela Polícia Federal (PF) em cinco escolas do Brasil. A Santa Marta, localizada no Bairro Nova Santa Marta, na região oeste de Santa Maria, foi a única contemplada no Rio Grande do Sul.

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A Escola da Inteligência é fundamentada na Teoria da Inteligência Multifocal, elaborada pelo médico psiquiatra, professor e escritor Augusto Cury. A metodologia aplicada promete a melhora nos índices de aprendizagem, a redução da indisciplina e o aprimoramento das relações interpessoais. A ferramenta é simples: ensinar os alunos a educarem as emoções e a inteligência. O programa custa R$ 30 mil por aluno anualmente e será aplicado até 2025 na escola Santa Marta.

DEDO DO DESTINO

De acordo com o policial federal José Getúlio Pompeu Monteiro, coordenador estadual do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas (GPRED), a escolha da instituição em Santa Maria teve um dedo do destino. A Superintendência Estadual da Polícia Federal procurava escolas que necessitassem do programa no Estado quando a diretora da Santa Marta, Gleide Vargas, entrou em contato com Pompeu. O Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) havia sugerido o grupo de palestras da PF à diretora. Gleide pediu que os representantes da GPRED e o Comen fossem até a escola, que expôs a série de problemas.

- Foi muito triste o relato dos professores sobre o que estava acontecendo, o desinteresse dos alunos, a violência, etc. Naquele momento, eu comecei a delinear a decisão. Depois, quando estava na delegacia, o superintendente me ligou dizendo que eu tinha que decidir a escola, pois ele tinha que mandar a decisão para Brasília. Aí, eu olhei e estava o ofício da Gleide na minha mesa. Foi quando eu disse: não preciso nem pensar. A gente escolheu a Santa Marta - contou o policial federal.

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Gleide assumiu a diretoria em 2016. Desde então, administrou casos de alunos envolvidos com drogas, entre outras situações, como a sensibilidade e o medo da comunidade escolar depois que o aluno Gabriel Silveira Medeiros, 14 anos, foi morto a facadas em frente à instituição, em abril do ano passado.

- Tínhamos casos de usuários de maconha e não sabíamos o que fazer e, então, começamos a buscar ajuda do Ministério Público e do Comen. Parece que eles estavam sem perspectiva, sem pensar no futuro. Em algumas turmas a gente consegue identificar que eles estão trazendo alguns valores tratados na Escola da Inteligência. Já está melhorando o relacionamento deles dentro da escola - relata a diretora Gleide.


Foto: Renan Mattos (Diário)
Os estudantes desta turma do 1º ano do Ensino Médio contam as lições da aplicadora Lucia Regina (de óculos), que é servidora

NÃO SÓ PARA OS ESTUDANTES

Desde maio, as atividades do programa fazem parte do contexto de 327 alunos da Escola Estadual Santa Marta em 15 turmas do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Em março, os 42 professores da escola participaram do treinamento, sendo que foram selecionados 15 aplicadores. Lucia Regina dos Santos Rodrigues, 48 anos, é servidora de serviços gerais da escola, mas, logo que soube do programa, voluntariou-se a ser uma das aplicadoras. Uma vez por semana, ela troca a sua atuação na limpeza da escola pelo comando da sala de aula.

A formação em Pedagogia, a voz firme e a paixão pela proposta ajudam Lucia na difícil missão de captar a atenção de cerca de 10 adolescentes que assistiam a uma das aulas da Escola da Inteligência em 27 de agosto, quando a reportagem acompanhou a atividade. Lucia conta que os exercícios trabalham não só aspectos nos alunos, mas em quem os aplica.

- Já vi alunos chegarem dizendo que estavam se sentindo horríveis, que não iriam participar da atividade e que, no final, saíram se sentindo melhor. É que a gente sempre trabalha com eles o quanto são únicos e especiais. A gente trabalha coisas na gente também. Acho que será um longo processo e que, com certeza, vai gerar resultado - relata a servidora.

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Liandra Gabriele dos Santos, 18 anos, aluna do 1º ano do Ensino Médio, já observou mudanças no seu comportamento desde que passou a fazer parte do programa.

- Acho que estou mais autoconfiante, indo mais pela minha opinião do que pela dos outros. Não dialogava muito em casa. Agora, converso mais. Acho que é importante ser autêntico, exercer a identidade e mostrar o que a gente quer ser. Eu, por exemplo, quero estudar gastronomia ou artes - descreve a aluna.

No dia 30 de agosto, a instituição recebeu a equipe da Escola da Inteligência para uma qualificação. A formação foi apenas para os aplicadores, coordenadores pedagógicos e diretoria.

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